Silenciosa, a voz daqueles que não a têm.
Vão encerrar a Linha do Vouga. Em Janeiro não o fizeram, mas tem os seus dias contados. Dizem que dá prejuízo, que não é sustentável. Dizem. As carruagens continuam a transportar os habitantes das aldeias que vão à "cidade" tratar de assuntos e os utilizadores diários que as usam como meio de transporte para irem trabalhar.
O comboio continua a circular. Até ver.
O icónico Vouguinha vai deixar de servir as populações de aldeias sem alternativas ao comboio. Virão os autocarros com pneus carecas em terceira mão, comprados a países desenvolvidos, que substituirão as feias carruagens grafitadas que circulam actualmente. Mas nem sempre foi assim. O comboio era bonito e imponente. À volta dele existia uma certa aura de romantismo. De encontros e desencontros. De sangue, suor e lágrimas. Da dureza da vida, no tempo do fascismo. Porque o tempo confere às memórias uma tonalidade suave, por muito dura que a realidade tenha sido.
A mítica automotora a vapor que circulava a 20 quilómetros à hora, encheu as histórias da minha infância, contadas pela minha mãe, utilizadora diária da linha. A paisagem bucólica de um Portugal rural do interior nos anos 50/60 e as suas gentes, eram descritos em relatos pitorescos por quem viu e ouviu muitas histórias em alguns anos de linha. Histórias estas que prefiro guardar na memória, ao invés das notícias de mais uma linha, que vai morrer por falta de visão e investimento.
No Verão passado fizémos um pequeno troço antes que esta seja desactivada, desde o apeadeiro de Cabanões até Águeda. Visitámos algumas estações e apeadeiros até ao fim da linha, Sernada do Vouga, esta última com uma estação em muito bom estado mas com o espaço envolvente que serve para depósito de carruagens, muito degradado.
Pelo meio ficou a visita ao bonito Museu Nacional Ferroviário no Núcleo Museológico de Macinhata do Vouga, com um espólio considerável e em bom estado de conservação. As imagens que aqui deixamos mostram as velhas glórias.
A galeria de imagens aqui.
Que lindas fotos!
ResponderEliminarWww.levedar.com
Tenho saudades das poucas viagens que pude fazer na linha da Póvoa de Varzim, até S. Pedro de Rates... Cada vez temos um país mais afastado dele próprio e das sua população! Assim se perdem ligações importantes, físicas e históricas, é muito triste o que se tem feito por cá!
ResponderEliminarOlá...
ResponderEliminarAs fotografias estão fantásticas...
Que saudades do meu Vouga !;)
Gostaria de saber se estaria interessada em partilhar a sua foto da bicicleta no nosso blog athousandbikes.blogspot.com. A ideia e de ter 1000 fotos de bicicletas, uma por dia. Se estiver interessada, contacte-me via email, mendoncarolina@gmail.com
Bjinhos
Carolina